A gestação é um período de situações novas, desconhecidas e por vezes difíceis de lidar. Envolve alterações físicas e emocionais e além de trazer desafios para as relações conjugal, familiar e profissional. É um momento da vida que pode envolver alegrias, mas também angústias, medos, dúvidas e tristezas. Por conta disso a gestante precisa ter um espaço de escuta; precisa cuidar de sua saúde mental durante todo o ciclo gravídico para não correr risco de enfrentar um adoecimento psíquico (alta ansiedade, estresse e depressão). Uma maneira de avaliação da saúde mental da gestante é com o pré-natal psicológico, o qual tem o objetivo de realizar a prevenção e a promoção da saúde mental dessa mulher. A saúde psicológica da mulher propiciará o estabelecimento de um bom vínculo entre mãe e bebê. Uma mulher com adoecimento psíquico não terá energia para a realização dos cuidados requisitados pela criança e terá dificuldade para estabelecer um bom vínculo com seu bebê. Isso poderá acarretar dificuldades para o desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. O pré-natal psicológico é realizado em seis encontros nos quais serão identificados a existência ou não de aspectos a serem trabalhados posteriormente em encontros psicoeducativos ou encontros terapêuticos. Poderão ser envolvidos no trabalho de atendimento à gestante, sempre que se identificar essa necessidade e, havendo interesse da gestante, seu companheiro e familiares.

Observa-se na atualidade a prevalência mundial da obesidade. Diante desse cenário, a cirurgia bariátrica tem sido vista como uma alternativa confiável e de resultado duradouro para a redução do peso e melhora geral da saúde. Para sua realização é solicitada uma avaliação psicológica que será realizada em aproximadamente 6 a 8 encontros de avaliação interventiva. Nesses encontros estarão envolvidos os elementos necessários para a tomada de decisão consciente pela pessoa contribuindo também para a redução de complicações posteriores à realização da cirurgia e para a obtenção e manutenção de seus resultados. Durante esse processo poderão ser identificados fatores que apontam a necessidade de algum tipo de tratamento antes da realização da cirurgia bariátrica, visando minimizar riscos.

Vivemos uma sociedade em que todos precisam aparentar felicidade durante todo o tempo e a tristeza parece ser vista como um mal. Nessa sociedade as pessoas não querem se deixar afetar pela negatividade daquilo que está sendo vivido, não querem sentir que não estão no controle de suas vidas. Elas temem a morte e evitam falar sobre ela. A superação precisa ser constante, a felicidade plena. Busca-se freneticamente pela boa saúde e pela perfeição física como forma de se conseguir ser capaz de suportar toda essa (auto) imposição, falsa liberdade e negação do sofrimento. Quando uma perda acontece, não se pode exibir tristeza, dor, sofrimento que vá além daquilo considerado pertinente por essa sociedade. Entretanto sabemos que cada pessoa se relaciona com o luto de uma maneira singular e que negar os sentimentos inóspitos envolvidos nesse processo pode gerar ansiedade, depressão, fazer com que a pessoa desenvolva luto patológico e se mantenha presa a um passado. Falar sobre a morte, sobre as perdas e transformações da vida, sobre todos os sentimentos envolvidos em seu processo, pelo tempo que se fizer necessário, poderá permitir à pessoa reconectar-se ao presente e viver aquilo que esse presente lhe possibilitar.

Estresse, ansiedade, estresse pós traumático e depressão quando presentes na vida de uma pessoa trazem sintomas como excesso de preocupação, angústia, medo, desânimo, falta de concentração, alterações do sono e da relação com a alimentação. Esse adoecimento existencial entra em cena quando a pessoa não identifica e não confronta seus conflitos e limitações. Outro aspecto presente nos processos de adoecimento existencial é o sentimento de inquietação decorrente de dúvidas sobre quais caminhos seguir, já que cada pessoa é livre para fazer escolhas e assumir suas consequências. A terapia fenomenológico-existencial busca facilitar à pessoa perceber a forma como organiza seu mundo e com isso encontrar-se consigo mesmo , abrindo possibilidades para uma nova forma de relação com conflitos, limites e decisões.

O transtorno alimentar é um transtorno psiquiátrico que envolve grande sofrimento e risco de morte por suicídio ou complicações clínicas decorrentes da desnutrição ou do comportamento purgativo. É caracterizado pela preocupação com o corpo e um padrão alimentar destoante do habitual e que gera grave sofrimento: - Na anorexia, não está presente a perda de apetite, mas sim uma recusa em alimentar-se, motivada pelo medo mórbido de engordar e pela obsessão pela magreza. - Na bulimia observa-se compulsão alimentar seguida de métodos compensatórios inadequados para evitar o ganho de peso (uso de laxante, diurético, vômito provocado e excesso de atividade física). - Na compulsão alimentar periódica, observa-se ingestão de grande quantidade de alimento num curto espaço de tempo, com sensação de perda de controle e sem uso de métodos compensatórios como na bulimia. Os distúrbios alimentares afetam pessoas jovens e acarretam grande prejuízo social e emocional. O diagnóstico precoce é muito importante pois evita prejuízos biológicos, psicológicos e aumento da morbidade e da mortalidade entretanto, trata-se de um diagnóstico bastante difícil pois os sinais iniciais podem ser confundidos com comportamentos comuns e aceitos socialmente na adolescência, como preocupação com o corpo e realização de esportes. Outra dificuldade para o diagnóstico é a recusa da pessoa pela procura pela ajuda profissional pois esta não se admite doente ou não acredita que conseguirá se curar sem ajuda. Como a maior parte das pessoas esconde sua condição, familiares, amigos e educadores podem ajudar na identificação precoce dos transtornos alimentares ficando atentos aos sinais iniciais do quadro: Na Anorexia - obsessão pelo controle do peso, emagrecimento rápido, desculpas para não comer, ingestão apenas de frutas e legumes, agressividade e isolamento social, prática exagerada de exercícios, uso excessivo de laxantes e diuréticos, perturbação do sono. Na Bulimia - episódios de comer compulsivo, idas ao banheiro após comer com o objetivo de vomitar, feridas nas mãos causadas pelos dentes ao provocar vômito, agressividade e isolamento social, sintomas depressivos como baixa autoestima e insegurança, ansiedade, prática exagerada de exercícios, perda de peso. Na Compulsão Alimentar Periódica: ingestão de quantidade excessiva de comida até se sentir desconfortável (sem vomitar como na bulimia), esconder hábitos alimentares por vergonha (guardar comida para momentos de voracidade e esconder caixas vazias de alimentos), beliscar enquanto houver comida disponível, comer quando está sob pressão ou se sente psicologicamente diminuído, sentir vergonha ou culpa após momentos de voracidade, mostra-se insatisfeito com a aparência e o peso.